Mário Ferreira prescinde de milhões do Banco de Fomento, Catarina Martins diz-se “orgulhosa”

O grupo Pluris, do empresário Mário Ferreira, prescindiu do empréstimo de 40 milhões de euros garantido junto do Banco de Fomento e que seria financiado pelo PRR. A coordenadora do Bloco de Esquerda e a comentadora da SIC já reagiram.

A Pluris revela, esta segunda-feira em comunicado, que “prescinde do empréstimo de 40 milhões de euros concedidos pelo Banco de Fomento” e vai realizar já na próxima semana um aumento de capital com fundos próprios.

“O grupo concretizará o necessário aumento de capital na empresa Mystic Invest, mas decidiu, para o efeito, vender alguns dos ativos detidos pela Pluris Investments, realizando assim o necessário aumento de capital já na próxima semana”, refere o comunicado assinado por Mário Ferreira.

Em nome da verdade dos factos e na salvaguarda do seu bom nome e do seu acionista principal, Mário Ferreira, e de todas as entidades envolvidas” vem “prestar esclarecimento público sobre o contexto que envolveu a decisão de se candidatar ao PRR [Plano de Recuperação e Resiliência] , ao abrigo da Janela B e no enquadramento do Quadro Temporário de Auxílio de Estado no contexto da pandemia covid-19, e que mereceu aprovação pelo Banco Português de Fomento no passado dia 30 de junho de 2022, confirmando a sua elegibilidade com mérito

O comunicado faz também referência a Ana Gomes e a Catarina Martins, classificando como “vergonhosas ações” as da ex-embaixadora e da deputada bloquista sobre este tema e informa que como resultado o grupo Pluris, “apesar de ter formalizado a candidatura ao instrumento de recapitalização disponibilizado pelo Estado português, em 24 de fevereiro de 2022, e de a mesma ter sido aprovada pelo Banco Português de Fomento, no passado dia 30 de junho de 2022, recusa qualquer cêntimo do PRR e solicitou hoje [segunda-feira] o cancelamento do pedido de empréstimo ao Banco de Fomento“.

Desde o primeiro momento em que se soube que ao abrigo da linha de financiamento com origem no PRR tinha sido aprovado um projeto do grupo Pluris, tanto a senhora deputada Catarina Mendes como a senhora embaixadora Ana Gomes proferiram declarações insultuosas, fora de contexto, populistas e demagógicas – escudadas em insinuações para evitarem processos judiciais – sobre as razões da atribuição desse empréstimo, sem nunca cuidarem de saber da verdade dos factos, sem nunca questionarem o Conselho de Administração e desrespeitando totalmente os mais de 1.800 trabalhadores do grupo e os vários milhares de empregos indiretos que ajudamos a manter

Porque são falsas as acusações e insinuações em causa e porque alguns meios de comunicação social insistem em falar do grupo Pluris e do seu acionista principal nunca referindo a verdade dos factos e antes associando supostas situações legais com as quais tentam beliscar a honorabilidade do nosso grupo e de quem o gere“, o grupo faz um esclarecimento com 10 pontos. A Pluris é acionista de referência da Media Capital, dona da TVI.

O grupo, salienta, “integra no âmbito das suas participadas um vasto conjunto de participações financeiras, cuja mais relevante e de dimensão mais expressiva e mediática é a relacionada com a exploração turística de navios-hotel, no Rio Douro, através da Douro Azul, assim como desde 2019, implementado uma estratégia de investimento expressivo, numa nova linha de negócio com grande potencial de crescimento, a exploração turística de navios oceânicos da classe Expedition, totalmente desenvolvidos e construídos em Portugal, tendo desenvolvido competências mundialmente reconhecidas com ‘know-how’ português na indústria naval”.

A Pluris emprega diretamente mais de 1.800 trabalhadores, “que representam uma massa salarial de mais de 50 milhões de euros, apenas no setor turístico, para não mencionar os empregos indiretos que da sua atividade dependem”, destaca o presidente.

“Orgulhosa se serviu para poupar 40 milhões de euros ao Estado”

Logo após ser conhecido o comunicado do grupo presidido por Mário Ferreira, através da rede social Twitter a coordenadora do Bloco de Esquerda escreveu: “A defesa do interesse público não me envergonha, bem pelo contrário. Fico orgulhosa se serviu para poupar 40 milhões de euros ao Estado. Estou certa que ⁦Ana Gomes⁩ também. Mas estas declarações não respondem às questões levantadas”.

E que questões são essas? Num segundo tweet, Catarina Martins questiona “porque [Mário Ferreira] pediu e como lhe foi aprovado um apoio quatro vezes acima da referência do Banco de Fomento? E até levanta outras questões: se não precisava, porque é que pediu?”.

Já Ana Gomes, antiga eurodeputada e comentadora SIC, partilhou a notícia no Twitter e escreveu apenas: “Sem comentários”.