L. Q. Jones, “in memoriam”

Um artigo de opinião de João Lopes.

Nunca foi uma estrela, mas as suas composições como secundário marcaram a história do “western”, em particular sob a direcção de Sam Peckinpah.

Quando olhamos para esta fotografia, é bem provável que reconheçamos “A Máscara de Zorro” (1998), um dos maiores sucessos da carreira de Antonio Banderas. Ao mesmo tempo, o rosto central da imagem é-nos familiar, mas talvez não sejamos capazes de recordar o seu nome… Pois bem, é ele L. Q. Jones, figura tão discreta quanto lendária de um certo cinema clássico americano — faleceu no dia 9 de julho na sua casa de Los Angeles, contava 94 anos.

De seu nome verdadeiro Justus Ellis McQueen Jr., a sua imagem de marca é indissociável de alguns dos mais importantes “westerns” das décadas de 60/70, em particular aqueles em que foi dirigido pelo seu amigo Sam Peckinpah (1925-1984): “Os Pistoleiros da Noite” (1962) foi o primeiro desses “westerns”, sendo inevitável destacar esse título lendário que é “A Quadrilha Selvagem” (1969).

Em termos meramente quantitativos, a sua carreira televisiva acabou por superar os trabalhos no cinema. De qualquer modo, pudemos vê-lo também em filmes como “À Sombra da Forca (1968), de Ted Post, contracenando com Clint Eastwood, “Ambulância para Todo o Serviço” (1976), comédia dramática de Peter Yates, e ainda num pequeno papel de “Casino” (1995), de Martin Scorsese.

Não fará sentido dizer que L. Q. Jones alguma vez esteve próximo do estatuto de “estrela” de Hollywood. Longe disso, como é óbvio. O certo é que ele encarnou como poucos um conceito de personagem secundária, com singularidades que lhe podiam conferir o peso dramático e narrativo de uma figura principal.

Curioso sintoma disso mesmo é o seu filme final, aqui recordado pelo respectivo trailer: “A Prairie Home Companion / Bastidores da Rádio” (2006), evocando um programa de rádio dedicado à música mais tradicional, seria também a derradeira realização de Robert Altman (1925-2006). Nos prémios Gold Derby (atribuídos pelo site do mesmo nome), o filme obteve o prémio para o melhor elenco — entre os que partilharam a distinção com L. Q. Jones estavam Tommy Lee Jones, Kevin Kline e Meryl Streep.