“Putin é produto do ressentimento” com saudades de Rússia ser “potência”
O antigo presidente da Comissão Europeia considerou que o presidente russo tem “saudades da época em que a Rússia era uma potência”.
Oantigo presidente da Comissão Europeia e ex-primeiro-ministro português Durão Barroso não poupou, esta quinta-feira, nas duras críticas ao presidente russo, Vladimir Putin.
Citado pelo jornal espanhol El Confidencial, Barroso argumentou que Vladimir Putin é “um produto do ressentimento“, fruto das “saudades” da época em que “a sua nação era uma das duas grandes potências mundiais”.
“A Rússia continua a ser um país importante, o maior do mundo. Sem embargo, encontra-se em clara decadência desde a dissolução da União Soviética”, esclareceu Barroso, durante o evento ‘A Europa e o cenário político e económico em mudança’, em Madrid.
“O mundo não será o mesmo de antes de 24 de fevereiro [data do início da invasão russa da Ucrânia], porque dois blocos estão a ser criados, e os estados vão-se alinhando com um ou outro. A separação entre o Ocidente e o resto cresce”, continuou o antigo líder da Comissão Europeia, que fez questão, no entanto, de realçar fortes mudanças geopolíticas que têm acontecido no mundo desde o início da guerra, coisas “insólitas” como “o rearmamento da Alemanha ou que a Finlândia peça para entrar na NATO“.
Aliás, Durão Barroso aproveitou também para ‘agradecer’ a Vladimir Putin, bem como a Donald Trump, antigo presidente dos Estados Unidos. “Graças a Putin e à sua atitude bélica às portas da Europa e a Donald Trump e ao seu controverso mandato, a União Europeia está mais unida que nunca. Eles fizeram mais pela construção comunitário do que qualquer outra pessoa“, argumentou.
Um dos pontos mais sensíveis da invasão russa da Ucrânia prende-se com a forte dependência que a Europa tem relativamente ao gás russo, o que tem jogado um pesado papel nas negociações de pacotes de sanções europeus ao Kremlin. A questão de Durão Barroso é simples: “Porque é que a Europa não tomou medidas após a crise de 2008 para parar de depender do gás russo para obter energia?”
Na resposta, o atual presidente da Goldman Sachs International culpou “a atitude da Alemanha, o motor da UE e um país que tinha fortes laços económicos que o ligavam à Rússia”. Se bem que 2008 já está no passado, Durão Barroso não perdeu a esperança. Pediu ainda que a Europa “diversifique as fontes de energia para que isto não volte a acontecer, mas também tem de ser feito porque o combate às alterações climáticas assim o exige”.