Mergulho da vitória na piscina do palácio presidencial no Sri Lanka

Os manifestantes que invadiram a residência oficial do presidente do Sri Lanka neste sábado(9) não desperdiçaram a oportunidade de desfrutar de um luxuoso palácio, inclusive de sua piscina.

 

Dezenas de cingaleses postaram imagens nas redes nas quais são vistos vagando pelos quartos de Gotabaya Rajapaksa, deitados em sua cama e apreciando os jardins da residência em Colombo, capital do país.

 

“Estamos no quarto de Gotabaya, aqui está a cueca que ele abandonou”, diz um jovem mostrando uma cueca preta em um vídeo que viralizou. “Ele também deixou os sapatos”, acrescenta.

 

O presidente conseguiu fugir por um fio, graças aos soldados de sua guarda atirando no ar para abrir caminho. Pouco depois, os manifestantes tomaram os escritórios presidenciais no distrito administrativo e incendiaram a residência privada do primeiro-ministro.

 

As explosões do dia foram o culminar de meses de protestos contra um governo acusado de ter mergulhado esta ilha do sul da Ásia na pior crise desde a independência em 1948.

 

“Estou surpreso ao ver que há um ar condicionado funcionando no banheiro, quando temos cortes de energia o tempo todo”, disse por telefone à AFP um homem que estava na residência oficial de Rajapaksa.

 

-“Não devemos nos transformar em ladrões”-

 

O clima festivo contrastou com a situação tensa vivida pouco antes entre as centenas de milhares de manifestantes que se reuniram em frente ao palácio presidencial e às forças de segurança.

 

A polícia usou gás lacrimogêneo e canhões de água para dispersá-los, mas alguns manifestantes tomaram um caminhão da polícia e forçaram as barreiras e cercas que protegiam o local.

 

Tradicionalmente, o palácio presidencial, um edifício da época colonial britânica, era reservado para a recepção de líderes estrangeiros.

 

Mas Rajapaksa fixou sua residência oficial lá em abril, depois que milhares de manifestantes tentaram invadir sua casa particular.

 

Após a invasão deste sábado, a maioria dos policiais e militares desapareceram. Apenas uma força policial de elite ficou de vigia, que parecia resignada com a presença dos invasores.

 

De pé em cima do muro, um estudante pediu à multidão que não roubasse ou degradasse a residência, que abriga uma coleção de objetos valiosos. “Chamamos Gota de ladrão, mas, por favor, não leve nada do palácio”, ele resmungou.

“Não devemos nos transformar em ladrões como eles.”

 

Manifestações pedem há meses a renúncia do presidente e de vários membros de sua família em cargos de poder.

 

Eles o acusam da disparada dos preços e da escassez de alimentos, combustíveis e medicamentos que assolam este país de 22 milhões de habitantes.

 

Rajapaksa, que foi escoltado para um local seguro, comunicou através do presidente do Parlamento que irá apresentar a sua demissão na próxima quarta-feira.