Irão injeta gás em 500 centrifugadoras em reação a novas sanções dos EUA

O Irão começou a injetar gás em 500 centrifugadoras, que permitem enriquecer mais urânio, revelou hoje o governo de Teerão, em reação às recentes sanções dos Estados Unidos contra seis empresas asiáticas, por “facilitarem” negócios com petróleo iraniano.

Num vídeo divulgado no ‘site’ do ministério, Abdolahian aludiu à situação das negociações para a retoma do acordo nuclear do Irão de 2015, referindo que o chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, apresentou esta semana uma iniciativa a todas as partes.

“Enquanto nós, nas capitais, estamos a analisar esse texto e concordámos em sentar-nos nas mesas das negociações, ontem [segunda-feira] assistimos à emissão de um novo comunicado pelos Estados Unidos”, frisou.

Abdolahian classificou as últimas sanções dos EUA como “medidas irracionais” e acrescentou que as “sanções máximas” do ex-presidente Donald Trump também falharam.

“Até o próprio Borrell mencionou o fracasso das sanções de Trump contra o Irão, num artigo recente e, em seguida, apresentou as suas próprias ideias resumidas. Mas estamos novamente a testemunhar a loucura de impor sanções pelos EUA, o que obviamente é apenas um ‘show’ e não tem um efeito tangível”, acrescentou Abdolahian.

O porta-voz da Agência de Energia Atómica do Irão (AEAI), Behrouz Kamalvandi, tinha revelado na segunda-feira à televisão estatal que começaram a alimentar “500 centrifugadoras IR-6” com gás.

Kamalvandí explicou que a injeção de gás que começou na segunda-feira está no contexto da lei parlamentar de dezembro de 2020, que exigia mais enriquecimento de urânio utilizando máquinas avançadas até ao momento em que as sanções unilaterais dos EUA fossem levantadas.

A centrifugadora IR-6 é um dispositivo que separa materiais usando alta velocidade de rotação e força centrífuga, e desempenha um papel fundamental no enriquecimento de urânio.

A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) foi informada deste procedimento, segundo Kamalvandi.

O Irão e seis potências mundiais – EUA, França, Alemanha, Reino Unido, Rússia e China – assinaram em 2015 um acordo sobre o controverso programa nuclear iraniano, aceitando Teerão limitar drasticamente o seu enriquecimento de urânio em troca do levantamento das sanções económicas.

Em 2018, o então Presidente norte-americano, Donald Trump, retirou unilateralmente os EUA do acordo e partir daí o Irão tem violado o entendimento e tem aumentado o seu ‘stock’ de urânio enriquecido.

As conversações internacionais mantidas em Viena sobre a reanimação do acordo e o regresso dos EUA ao protocolo, depois da viragem política com a eleição de Joe Biden, estão paradas desde abril.

O acordo encontra-se num impasse e tanto o Irão, como os EUA, enfatizam que ainda há questões-chave a serem resolvidas que exigem vontade política e decisão.